sexta-feira, fevereiro 29, 2008

Relato surpresa: Florbela

Eu estava atrás dos galões transparentes de água e levei um tremendo susto com um velhinho gigante atrás de um deles. Eu gritei e ele gritou também. Depois vi que era o meu velho amigo, o João Boiadeiro.

–Você quer matar o vô?- Ele perguntou saindo de trás do galão e eu pude vê-lo no tamanho normal.

Ganhei um beijo caloroso nas bochechas e um abraço forte. Antes de partir, fomos ao quarto rosa da casa para ver o coração do João que estava cuidadosamente guardado numa caixinha ilustrada de anjos. Contei para ele que a nossa amiga abria a caixa quase todos os dias e ficava olhando para o grande coração. Depois, resolvemos colocar a conversa em dia pelo caminho dos morros agudos. No entanto, estávamos tão preocupados que acabamos por deixar conversas descontraídas para mais tarde.

Os quatro galões somavam 40 litros de água e estavam bem amarrados num carrinho vermelho que puxávamos por uma corda. O João tinha mais fôlego do que eu e tinha até trazido um mapa. Só não entendi como ele tinha desenhado o mapa sem conhecer o lugar. Quando questionei isso, ele resmungou alguma coisa indistinguível e deixei pra lá, aliás, confio no meu amigão!

– A propósito, não é Moby Dick! - ele disse repentinamente.
– O que?
– O nome da lanchonete.
– E qual é?
– Não lembro.

Tudo corria bem até que uma chuva tempestuosa começou. O amigo vovô demonstrou ser prevenido:

– Eu tenho um guarda-chuva! - gritou levantando um grande guarda-chuva preto.

Pena que quando ele fez isso, soltou a corda do carrinho e eu fui puxada com força morro abaixo. A visão que diminuía era a de um João Boiadeiro subindo o morro e segurando um guarda-chuva enorme. Provavelmente, não percebeu o ocorrido. Esborrachada e molhada de água de chuva e água de galão, recomecei a subida e logo encontrei o guarda-chuva, quer dizer, o João.

– Por onde você esteve, menina?

Quando chegamos ao cume tivemos uma surpresa: não encontramos o encampado!

– Ah vovô! Seu mapa deve estar errado!
– Não! Ele está certo! Olha aqui, eu apenas estava segurando ele do contrário.

Olhei o mapa e não entendi bem, mas confio no meu amigão! Atravessamos a mata para o outro lado. Se tudo desse certo, chegaríamos logo e encontraríamos o Mateus. A chuva já tinha parado e o lugar estava belíssimamente verde! Para a nossa surpresa, além dos passarinhos, ouvíamos vozes de pessoas à nossa frente e um relincho às nossas costas. Às nossas costas? Viramos e vimos um cavalo branco (que dava a impressão de ser pequeno) correndo muito, na nossa direção. O João, não sei porque, gritou:

– Vamos subir nele!
– Por que, meu Deus? - indaguei incrédula.

Ele agarrou minha mão e quando o cavalinho passou, o João, o boiadeiro, montou nele! Melhor, se pendurou no rabo dele! Fomos arrastados e eu só conseguia berrar:

– Por queeeeeeeee!!!????

Galopa, galopa, galopa, galopa e outro doido tentou montar no pobre cavalo. Meu Deus! Por que todo mundo quer montar nesse cavalo? O João gritou:

– Mateeeeeeeeeeeeus!

É mesmo! Era o Mateus! Será que ele nos viu? Antes de eu raciocinar melhor, caímos no chão.

– Ai, ai, minhas costas! João, você está bem?
– Eu? Estou ótimo!

Ele sugeriu que voltássemos na direção em que vimos o querido Mateus. Andamos um pouco e avistamos uma fogueira, um homem barbudo usando um manto surrado e

o Mateus!

Pimentinha&Teodoro
Trabalhando bastante

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