O rei chegou de bicicleta.
- Por favor, você sabe onde é a rua Manoel Pereira Rolla?
- O nome não é estranho, mas... Não sei, não.
- É uma pousada. Você conhece uma pousada?
- Conheço algumas.
- Onde fica?
- Sabe o hospital? Você é daqui?
- Não, sou da Vila da Esperança.
- Está vendo aquele hospital? Você pega a rua ao lado do hospital, vira na primeira à esquerda e então vai estar na zona das pousadas.
- Mas você sabe onde fica a rua Manoel Pereira Rolla?
- Rapaz, você tinha que perguntar para quem é daqui. Eu não sou daqui.
- Não sei se fica deste lado ou do outro da avenida.
- Aposto que é deste lado. Vamos perguntar ali no bar.
Fomos ao bar, onde encontramos um bando de tipos desconfiados.
- Você conhece a rua Manoel Pereira Rolla?
- Não, não conheço não. Tem alguma referência.
- Não, não temos.
- Vou perguntar.
Chegou aos chegados, que deram um sorriso típico. Cumprimentou-nos porque, talvez, não tivesse outra coisa a fazer ao passar diante de nós. O primeiro que nos atendeu dava risada com outro chegado. Não voltou.
O rei estava de bicicleta, meio mal vestido, com roupa suja de tinta. As raposas têm tocas, e os pássaros têm ninhos; mas o rei não tinha onde repousar a cabeça.
Como um sinal para todos, o rei disse, contrariando meu palpite, que a rua Manoel Pereira Rolla ficava do outro lado da avenida. Pois acreditou em si e pedalou para além da avenida. Deve ter passado por graves obstáculos, mas viu água, viu peixes, viu árvores e viu pássaros. E deve ter chegado ao fim, com toda a glória que merece.
sábado, fevereiro 02, 2008
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Um comentário:
Acho que já passei pela rua Manoel Pereira Rolla...O hospital que vc fala é o da Universidade? Não conheço o rei, mas se ele acreditou em si e pedalou para além da avenida merece mesmo toda a glória. Beijosss
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