Choveu!
Eu sabia que você ia me trazer água no pôr-do-sol! Pois veio a nuvem gloriosa, a nuvem de castelo, a nuvem imponente, preta-por-chover, e choveu!
Bebi água que nascia das minhas mãos! Bebi água enquanto anoitecia; bebi água enquanto adormecia. E também no outro dia, enquanto amanhecia. Choveu por toda a noite, e chovia de manhã.
Antes de mais tempo, preciso contar-lhe as últimas da aventura:
Como choveu - e como choveu! -, o mato cresceu. Como o mato cresceu, a visão deste lugar caprichosamente pareceu ter mudado. Como mudou, eu pude ver um caminho, que ainda não havia descoberto, em direção ao topo do morro. Como descobri, segui em frente. Eu não estava mais preso no morro; ao contrário dos dias passados, hoje o morro parecia estar feito para que alguém o explorasse. O caminho estava aberto, como o seu coração, Carol. Foi sua chuva, Carol! A chuva de água do lago da nuvem do castelo do rei barbudo.
Havia trilhado por algumas horas, quando, de repente, aos galopes, passou um cavalo (aos galopes só poderia ser um cavalo, não é, burro?). Um cavalinho branco, bem pequeno, bem branquinho. O cavalinho da noite! Aqui eu lamento, porque gostaria de contar a você algo mais sobre o cavalinho, que eu ouvi por tantas noites. Queria uma história fantástica, e que você me visse cavaleiro... Mas eis que ele saiu correndo, e eu dei com os burros n'água. Chuva!
Havia uma árvore com umas frutinhas, que se chamam "cavalinhas". Sentado na árvore, debaixo de chuva, foi no pôr-do-sol que me ocorreu notar a presença molhada de sua nuvem. A sua nuvem de castelo estava ali há um dia, sem arredar o pé de cima do morro. E, então, a chuva parou. E aquele barulho que eu ouvia não era mais de chuva; era de gente.
Um barulho de gente! Corri e, enfim, cheguei ao que parecia ser o lugar mais alto do morro. Lembra-se do campo aberto em meio à mata (o encampado), que vimos no morro durante o pôr-do-sol? Estava coberto de gente. Gente circulando por toda parte. Gente conversando, gente trabalhando, gente descansando. Uma menina brincando. Um homem fazendo fogueira. Um casal de namorados. Uma velhinha com hortaliças. Um cachorro conversava com um burro. Uma mariposa andava de trem. Uma bailarina dançava sorrindo. João e Maria. Um padre. Um velho escrivão.
Procurei por você e não encontrei. Se não tenho palavras para contar-lhe as figuras que vejo cá no morro, não tenho alegria se não posso ter você comigo. Passei os olhos novamente em sua última carta, e me causou preocupação ver que não era você quem me escrevia. Está ocupada com afazeres? Onde? Estaria na nuvem?
Foi então que, ao lado da fogueira, eu vi um rei barbudo.
Pimentinha&Teodoro
Pelas trilhas da Estação
Eu sabia que você ia me trazer água no pôr-do-sol! Pois veio a nuvem gloriosa, a nuvem de castelo, a nuvem imponente, preta-por-chover, e choveu!
Bebi água que nascia das minhas mãos! Bebi água enquanto anoitecia; bebi água enquanto adormecia. E também no outro dia, enquanto amanhecia. Choveu por toda a noite, e chovia de manhã.
Antes de mais tempo, preciso contar-lhe as últimas da aventura:
Como choveu - e como choveu! -, o mato cresceu. Como o mato cresceu, a visão deste lugar caprichosamente pareceu ter mudado. Como mudou, eu pude ver um caminho, que ainda não havia descoberto, em direção ao topo do morro. Como descobri, segui em frente. Eu não estava mais preso no morro; ao contrário dos dias passados, hoje o morro parecia estar feito para que alguém o explorasse. O caminho estava aberto, como o seu coração, Carol. Foi sua chuva, Carol! A chuva de água do lago da nuvem do castelo do rei barbudo.
Havia trilhado por algumas horas, quando, de repente, aos galopes, passou um cavalo (aos galopes só poderia ser um cavalo, não é, burro?). Um cavalinho branco, bem pequeno, bem branquinho. O cavalinho da noite! Aqui eu lamento, porque gostaria de contar a você algo mais sobre o cavalinho, que eu ouvi por tantas noites. Queria uma história fantástica, e que você me visse cavaleiro... Mas eis que ele saiu correndo, e eu dei com os burros n'água. Chuva!
Havia uma árvore com umas frutinhas, que se chamam "cavalinhas". Sentado na árvore, debaixo de chuva, foi no pôr-do-sol que me ocorreu notar a presença molhada de sua nuvem. A sua nuvem de castelo estava ali há um dia, sem arredar o pé de cima do morro. E, então, a chuva parou. E aquele barulho que eu ouvia não era mais de chuva; era de gente.
Um barulho de gente! Corri e, enfim, cheguei ao que parecia ser o lugar mais alto do morro. Lembra-se do campo aberto em meio à mata (o encampado), que vimos no morro durante o pôr-do-sol? Estava coberto de gente. Gente circulando por toda parte. Gente conversando, gente trabalhando, gente descansando. Uma menina brincando. Um homem fazendo fogueira. Um casal de namorados. Uma velhinha com hortaliças. Um cachorro conversava com um burro. Uma mariposa andava de trem. Uma bailarina dançava sorrindo. João e Maria. Um padre. Um velho escrivão.
Procurei por você e não encontrei. Se não tenho palavras para contar-lhe as figuras que vejo cá no morro, não tenho alegria se não posso ter você comigo. Passei os olhos novamente em sua última carta, e me causou preocupação ver que não era você quem me escrevia. Está ocupada com afazeres? Onde? Estaria na nuvem?
Foi então que, ao lado da fogueira, eu vi um rei barbudo.
Pimentinha&Teodoro
Pelas trilhas da Estação
Um comentário:
E por falar nela, ela retornou, numa sala, a S.B. srta. Marraposa:
http://www.vitaminab.blogspot.com/
(da Tati, namorada do Suzano)
E aparecerá também noutros cantos, aguardemmm (com aquela voz do Sílvio Santos).
um abraço fraterno.
barbudinho.
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