sábado, junho 27, 2009

Peixes fora d’água

O peixinho que nasce no mar
do século vinte e um
corre o risco de nadar, nadar
para lugar nenhum.
Nas águas do mar deste século,
nada o gás CO2
do moderno excesso,
que ignora o depois.
Esse excesso do sujo ar
deforma olfato e audição
do peixinho que nasce no mar.
Ele perde a orientação
e em casa não sabe chegar.
E cheiro de pai, mãe, irmão
não consegue identificar.
Serão tantos perdidos no mar
do século vinte e um,
que o risco é de não sobrar
mais nenhum.

O menininho que respira o ar
do século vinte e um
corre o risco de andar, andar
para lugar nenhum.
Nos ares deste século,
voa o CO2
do moderno excesso,
que ignora o depois.
O moderno excesso que suja o ar
deforma olfato, visão e audição
do menininho que está a respirar.
Ele perde a orientação
e de sua casa não sabe cuidar.
Ele perde a visão
e nem a vida sabe enxergar.
E cheiro de flor ou de um irmão
não consegue identificar.
Serão tantos perdidos no mar, ar
e terra do século vinte e um,
que o risco é de não sobrar
mais nenhum?

2 comentários:

Mateus do Amaral disse...

Esta é uma obra de arte muito linda. Merecia estar na introdução de um bom livro sobre meio ambiente. Adorei as estrofes paralelas e o título, que define exatamente o que nós, homens, estamos sendo neste oceano chamado mundo. Queria uma forma melhor de te dizer "Parabéns!".

Anônimo disse...

Até quando a gula do Poder e do Capitalismo?

Aonde iremos todos nós acabar com certos excessos do progresso tecnológico que muitos deles não são de qualquer utilidade , a não ser para enriquecer certos oportinistas!

Quando acabarão certod monopólios? Quano acabarão os ghettos e toda a Humanidade se dê a mão em vez de mutuamente se destruirem?

Actualmente fazem-se morangos do tamanho dum melão, e melões do tamanho dum morango? Até quando?

R/C