Unidos de Vila Belém na avenida. Do carro, eu vi uma movimentação tímida do povo de Caieiras (que muitos de vocês vão dizer "caipiras", ao trocar o encanto pelo preconceito). O meu povo de Caieiras é paulistano, é franco-rochense, é moratense. É, sim, brasileiro no carnaval. Por tudo isso, a Unidos de Vila Belém, moratense de natureza, foi caieirense na avenida do bairro de Laranjeiras.
Pulei do carro. Como o meu povo, cheguei timidamente perto da escola, concentrada no início da avenida. Talvez por sentir o coração pulsando no mesmo ritmo do som de um instrumento de percussão (um bumbo-core), atravessei o povo pouco e cheguei bem na altura da bateria. E que bateria! Uns vinte ritmistas, e alguns com a melhor aparência que poderiam apresentar para uma boa história: velhinhos. Simpáticos velhinhos com instrumentos nas mãos, como a realização de toda uma vida de trabalho duro debaixo do sol ou debaixo dos olhos de um desgraçado qualquer. E para dar bom fim à história, digo que faziam um ótimo trabalho na bateria; por um instante, parece que valeu a pena toda a humilhação. E ainda nem tinha começado o samba!
Começou o samba. E a bateria começou. O enredo da Viradouro deste ano era "arrepio". E eu senti o arrepio com aquela bateria, Viradouro. A bateria da Unidos de Vila Belém era um som que pulsava como um coração.
- As fantasias deles são as mesmas todo ano. O enredo pode mudar, mas as fantasias são as mesmas. Risos!
Espero que tudo continue assim, mesmo. Não gostaria que nada mudasse: fantasia, bateria, nada. Aliás, uma coisa eu gostaria que mudasse, se é que vale a minha sugestão: o desfile deveria voltar para o centro. Para mim, a plenitude que só uma festa como o carnaval pode significar é também uma confraternização dos bairros todos no centro da cidade. Plenitude de festa é plenitude de união, de solidariedade, de resistência.
Todos os risos de vocês soam ridículos ao som da bateria da Unidos de Vila Belém.
segunda-feira, fevereiro 04, 2008
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2 comentários:
O carnaval voltou para a rua em Bauru e foi um sucesso! Vc deve ter ouvido falar, foi na Nações Unidas, como no passado. Teve blocos de vários bairros. 7 mil pessoas "brincaram" o carnaval, como disse um jornalista bauruense. É importante valorizar manifestações como essa que vc descreveu em Caieiras e tantas outras que acontecem pelo Brasil, é esse espírito que lembra o carnaval como vc bem disse: de união, solidariedade e resistência. Não que as grandes escolas do Rio e São Paulo não tenham isso, mas todo esse espetáculo está a cada ano que passa se afastando desses valores e se aproximando mais dos valores comerciais: camarotes que custam R$1100 reais, "celebridades" vestindo marcas de cerveja, acusações entre as escolas, matérias sobre o tamanho do tapa-sexo de fulana de tal, ou ainda no carnaval do Nordeste, os abadás caríssimos e as filas de estrangeiros (que podem pagar pelo abadá) bem ali na frente dos trios elétricos, carnaval muito popular! Sorte que ainda tem muita gente apaixonada de verdade que resiste a essas "adaptações", como por exemplo, a festa dos bonecos gigantes de Olinda.
Beijossss querido!
Eu gostaria muito de ter caído na folia, executado meus passos que chamo de samba, e visto de perto a bateria da Unidos de Vila Belém.
PS. aceito o convite.
um abraço
sdds.
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