sexta-feira, maio 15, 2009

Nós em “Sou”

Quando andávamos pela avenida São João a caminho do palco, eu já tinha amado esse artista diversas vezes, a cada dia, e até em vários momentos de um mesmo dia, como se fosse a primeira vez – sem querer copiar o título de um certo filme. Para mim, a Virada Cultural em São Paulo ganhava um ar especial pela sua presença. É certo que eu estava lá para matar a saudade dos Los Hermanos, ou a saudade de um show deles, que eu nunca vi.

Chegamos duas horas antes da meia noite, horário do show. Todos procuravam por ele no palco. “Acho que era ele!”. Já eu tinha certeza que via meu cantor preferido, apesar de estar no aperto de uma multidão, situação que me impedia até mesmo de mexer o pescoço.

O palco estava armado na rua, porém, ao olhar os prédios a nossa volta e o céu nublado, tive a sensação de estar em um local fechado.

É meia noite, fomos do dia 6 para o 7 de maio de 2009. Pontualmente, começa o show. A música “Téo e a gaivota” soa emocionante com o apoio da banda Hurtmold – que participa de quatro faixas do álbum “Sou”, repertório da noite – e dá o tom que prevaleceria durante toda a apresentação, um tom leve e positivo.

Imaginem uma avenida muito grande, repleta de pessoas. Agora imaginem todas essas pessoas sendo levadas pela música. Balançam os braços, cantam. E olha que não havia cenários grandiosos, efeitos especiais, bailarinos. Para mim, havia uma vaga solidão, que podia nos fazer refletir, devanear com músicas como “Doce Solidão” e “Santa Chuva”. Havia também amor, que apareceu em quase todas as letras – e imagino que em uma presença, no canto do palco –, mas especialmente em “Janta”.

Provavelmente, para muitos, houve momentos alegres, que davam vontade de pular. Aliás, é desses momentos que saem duas músicas que sempre me dão vontade de sair dançando por aí: “Vida Doce” e “Menina Bordada”.

“Menina bonita bordada de flor...”

Ao cantarolar essa música, fico querendo ser a menina bordada de flor do meu artista.

“Caberá ao nosso amor o que há de vir...”

Canto a “Janta” junto, como se o verso também fosse meu, ou seja, é nosso.

“Segura que minha alegria não quer parar...”

A banda toca “Copacabana”, marchinha que parece transformar, por alguns minutos, a Virada em carnaval de rua. Algumas pessoas jogam confete e serpentina.

Nesses momentos, tenho a impressão de que ocorre uma comunhão entre os sentimentos do artista e o sentimento do público, que também é uma grande comunhão de emoções. Por isso, todos estavam sendo levados por aquela arte. Tamanho entrosamento trouxe até um pouco daquilo que todos pediam: Los Hermanos. Cantamos juntos as canções “Morena” e “Além do que se vê”. Esta, a última cantada – o show seria fechado com a instrumental “Saudade”. Falando nela, o som de metais de “Além do que se vê” matou um pouco daquela minha saudade da banda.

O público previa o fim e foi se dispersando. Finalmente pude vê-lo. Cantavam “... é bom te ver sorrir...”. Peguei as mãos que se apoiaram nos meus ombros a noite inteira, me virei, olhei para o meu artista, o Mateus, e foi amor à milésima vista, enquanto atrás de mim, lá no palco, se despedia o Marcelo Camelo.

6 comentários:

Ligia disse...

Que blog lindo o de vcs! E que posts bem escritos, criativos...que orgulho de ter estudado com vcs! Vcs ainda chegam longe....bjs!!!

Mateus do Amaral disse...

Ligia, o orgulho é todo nosso por termos estudado com vc e pela sua visita. Muito obrigado!

Mateus do Amaral disse...

Querida,

Naquela noite, eu estava muito feliz por estar ali com você (e com a mamãe!), por ver aquele artista que a gente queria tanto ver, por andar em meio àquela multidão louca e rir das surpresas que apareciam a cada esquina. Então, lendo o seu texto, surge para mim um sentimento extra em torno daquele momento, como se eu não tivesse percebido certas coisas na ocasião e, agora, percebo. Acho que a gente acharia divertido até um show que a gente visse apenas pelo telão (num caso hipotético de, suponhamos, chegarmos atrasados ao Teatro Municipal). Muito obrigado! Um beijão!

Júlia Dantas disse...

linda! amei a resenha... me fez saber exatamente o que você sentiu, e faz tempo que não sinto isso num show. saudade... saudade de vocês!

(saudade é uma palavra recorrente... ¬¬)

e fechar com "Além do que se vê" é de matar hein?

Júlia Dantas disse...

ah... essa foto que tá no meu avatar foi tirada num show do LH! Q!

Carol Ferreira disse...

Realmente, flor, fechar com "Além do que se vê" é de matar! Também estou com saudade!!!! Fiquei muito feliz que pude passar o que senti durante o show pra você :)
Beijossss