Enquanto tomas banho

O menino não tem força para jogar bola. Para correr não tem força. Também não tem para brincar de cabaninha, coisa que ele já fez muito, especialmente com uma certa menina...

— Menino, vem tomar banho!
— Mãe, não estou agüentando... — a mãe, então, vem ajudá-lo a caminhar.
— Meu amorzinho! Eu te amo! — diz ela, com ele nos braços, se apoiando. Amor profundo, queridos leitores.

Enquanto ele toma banho, vou falar um pouco mais sobre a história de tão amado menino. Há algum tempo, ele vive olhando, pela janela, os outros meninos brincando na rua. Porém, ele já foi um grande campeão. Era um grande jogador de futebol que sonhava em ser um grande jogador de futebol (mal sabia ele quem era). De repente, algo de muito estranho entrou na sua cabeça, e ele passou a pensar cada vez mais devagar. Não era mais o mesmo jogador. Até que, um dia, ficou tão fraco que não podia levantar-se da cama. Então, nós pulamos uma boa parte da história para contar que ele está em plena recuperação, e já voltou a pensar em reinar nos gramados do mundo. Agora que ele está cheiroso, vamos falar sobre uma menina, uma que o deixa muito feliz.

Durante todo o tempo amargo de que nós poupamos vocês, queridos leitores, ele a tratou muito mal. Fez exigências que não se pede a uma moça daquelas. Deixou-a sozinha com os problemas dela, e não ofereceu nenhum tipo de ajuda. Deixou-a de lado. E a tristeza que isso traz para si mesmo é que o impede de avançar na recuperação. Ele está muito triste. Infelizmente para mim e, talvez, para o leitor, ele não pode pensar em voltar a jogar enquanto não tiver falado com ela. Qual será o tamanho da mágoa dela? Se for equivalente à tristeza dele, isso não se resolve neste capítulo. Vamos esperar o próximo.

Aguardaremos com muita ansiedade, torcendo, é claro, pelo perdão e para que prevaleça esse amor que não cabe em qualquer lugar...